terça-feira, 22 de setembro de 2009
Nas paredes de minha memória...
Nas paredes de minha memória
repousam quadros com pose de você
levitando com cores fortes a sábia espera.
Tiro o pó.
Tiro o ranço.
Inauguro um rancho
gancho para outra vida.
Uma vida não vivida.
Uma vida esquecida.
Aquecida pelas cores fortes
nas paredes de minha memória.
silponzil
terça-feira, 18 de agosto de 2009
quarta-feira, 8 de julho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
"Vou andar até tirar
você pelos poros
Esgotar-te-me até sentir
que minei você
Esvaziar-te-me,
Lavar-me-te,
Purgar-te-me,
em meus furúnculos...
aduncos beicinhos.
Cuspir você!
Não ter pudor na hora
em que lavar meu sexo.
Quero esvaziar...
lavar...
purgar...
pulsar...
mas,
te amar!"
Rossiley Ponzilacqua
Outro lugar
"Noutro lugar deixou-se ficar nua
e deu o seu corpo ao lobo mais faminto da cidade.
Noutro lugar abriu a casa ao inimigo
e disse-lhe toma tudo quanto queiras.
Noutro lugar dançou com tanta água
que se lhe humedeceram as entranhas
e apodreceu por dentro.
Noutro lugar veio tanta gente vê-la
que o aplauso se transformou em tempestade de Verão
e a cabeça estalou-lhe de tanta névoa e tantos caracóis
e tanto Agosto e tanto fogo.
Noutro lugar rendeu-se
deixou-se levar pelo instinto noutro lugar
e deitou-se para sobreviver aos seus pés
e lamber as feridas do caminho...
e viveu noutro lugar a vida de rastos.
Noutro lugar,
não neste."
Almudena Vidorreta Torres
(Trapézio, sem rede)
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Do Desejo
IV
"Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?"
Hilda Hilst
domingo, 10 de maio de 2009
O contrato
Certo sábado ele pediu: ponha percevejos no meu arroz.
Ela fez uma comida picante. Acendeu velas azuis. Colocou um tango.
Eles se abraçaram. Sem sentidos.
E aí veio o sangue.
Na sua boca.
Das suas entranhas.
Ela raramente o achou tão sensual.
No domingo ela pediu: espanque-me.
Ele bateu de cinta no seu rosto. Arrancou-lhe um dedo
com o alicate.
Às 10 em ponto eles apagaram as luzes.
Segunda-feira ambos tinham de levantar cedo."
Aglaja Veteranyi
sábado, 2 de maio de 2009
Poema
"Caminho entre o nada e o de repente
E talvez a saudade me engasge eternamente
Saudade de tudo o que um dia eu fui
E me perdi
Vagando pelo mundo
Soltando os verbos imundos
No escuro do abismo
do peito da solidão amargurada
cantei os últimos versos
sorri o último encanto
no sonho do inimigo
lá eu estava
correndo em sua direção
para o beijo derradeiro
Luz, apareça!
E me encontrarei
Nos teus espetáculos absurdos!"
Alice Xavier