sábado, 8 de maio de 2010

Os sonâmbulos

Svefn-G-Englar

Ég er kominn aftur
inn í þig
það er svo gott að vera hér
en stoppa stutt við
ég flýt um í neðansjávar hýði
á hóteli
beintengdur við rafmagnstöfluna
og nærist
en biðin gerir mig leiðan
brot hættan sparka frá mér
og kall á - verð að fara - hjálp
ég spring út og friðurinn í loft upp
baðaður nýju ljósi
ég græt og ég græt - aftengdur
ónýttur heili settur á brjóst
og mataður af svefn-g-englum

Os sonâmbulos

Eu estou aqui de novo
Dentro de você
É tão bom ficar aqui
Mas eu fico pouco tempo
Eu flutuo ao redor numa hibernação subaquatica
Num hotel conectado à mesa de eletrecidade e alimentando-me
Tyoowoohoo
Mas a espera me deixa inquieto – Eu chuto a fragilidadae pra fora – Eu tenho que ir - Socorro
Tyoowoohoo
Eu explodo e a paz se vai
Tomo banho na luz nova
Eu choro e eu choro - disconectado
Um cérebro arruinado colocado em peitos
E alimentado por sonâmbulos

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Poesia Vertical" para a Páscoa



Há vidas que duram um instante:
o nascimento.
Há vidas que duram dois instantes:
o nascimento e a morte.
Há vidas que duram três instantes:
o nascimento, a morte e uma flor.

Roberto Juaroz,

quinta-feira, 18 de março de 2010



"Eu nunca fui igual aos outros
Eu nunca tive muitos amigos
Eu nunca fui favorito, nem privilegiado em nenhum lugar
Eu nunca soube se tive alguém que amasse de verdade

Mas tive somente a mim,
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento

não vivo sozinho porque gosto,
e sim porque aprendi a ser só..."
Okatsura Lau

segunda-feira, 1 de março de 2010

"O Túnel"




Uma vez um homem encontrou duas folhas e entrou em casa segurando-as com os braços esticados dizendo aos pais que era uma árvore.


Ao que eles disseram então vai para o pátio e não cresças na sala pois as tuas raízes podem estragar a carpete.

Ele disse eu estava a brincar eu não sou uma árvore e deixou cair as folhas.

Mas os pais disseram olha é outono.



Russell Edson, "O Túnel"

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Nas paredes de minha memória...




Nas paredes de minha memória
repousam quadros com pose de você
levitando com cores fortes a sábia espera.
Tiro o pó.
Tiro o ranço.
Inauguro um rancho
gancho para outra vida.
Uma vida não vivida.
Uma vida esquecida.
Aquecida pelas cores fortes
nas paredes de minha memória.

silponzil

quarta-feira, 10 de junho de 2009




"Vou andar até tirar
você pelos poros
Esgotar-te-me até sentir
que minei você
Esvaziar-te-me,
Lavar-me-te,
Purgar-te-me,
em meus furúnculos...
aduncos beicinhos.
Cuspir você!
Não ter pudor na hora
em que lavar meu sexo.
Quero esvaziar...
lavar...
purgar...
pulsar...
mas,
te amar!"

Rossiley Ponzilacqua

Trabalhos


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Outro lugar

Miguel Anselmo


Outro lugar

"Noutro lugar deixou-se ficar nua
e deu o seu corpo ao lobo mais faminto da cidade.

Noutro lugar abriu a casa ao inimigo
e disse-lhe toma tudo quanto queiras.

Noutro lugar dançou com tanta água
que se lhe humedeceram as entranhas
e apodreceu por dentro.

Noutro lugar veio tanta gente vê-la
que o aplauso se transformou em tempestade de Verão
e a cabeça estalou-lhe de tanta névoa e tantos caracóis
e tanto Agosto e tanto fogo.

Noutro lugar rendeu-se
deixou-se levar pelo instinto noutro lugar
e deitou-se para sobreviver aos seus pés
e lamber as feridas do caminho...
e viveu noutro lugar a vida de rastos.

Noutro lugar,
não neste."

Almudena Vidorreta Torres


(Trapézio, sem rede)

(original reproduzido em 23 Pandoras - Poesía alternativa española, selecção e prólogo de Vicente Muñoz Álvarez, Ediciones Baile del Sol, 2ª edição, Tenerife, 2009, p. 21.)

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Do Desejo

Miguel Anselmo


IV
"Se eu disser que vi um pássaro
Sobre o teu sexo, deverias crer?
E se não for verdade, em nada mudará o Universo.
Se eu disser que o desejo é Eternidade
Porque o instante arde interminável
Deverias crer? E se não for verdade
Tantos o disseram que talvez possa ser.
No desejo nos vêm sofomanias, adornos
Impudência, pejo. E agora digo que há um pássaro
Voando sobre o Tejo. Por que não posso
Pontilhar de inocência e poesia
Ossos, sangue, carne, o agora
E tudo isso em nós que se fará disforme?"

Hilda Hilst

domingo, 10 de maio de 2009

O contrato

Miguel Anselmo

"Ele a traía sempre às terças-feiras. Ela o traía às quintas.

Certo sábado ele pediu: ponha percevejos no meu arroz.

Ela fez uma comida picante. Acendeu velas azuis. Colocou um tango.

Eles se abraçaram. Sem sentidos.

E aí veio o sangue.

Na sua boca.

Das suas entranhas.

Ela raramente o achou tão sensual.

No domingo ela pediu: espanque-me.

Ele bateu de cinta no seu rosto. Arrancou-lhe um dedo

com o alicate.

Às 10 em ponto eles apagaram as luzes.

Segunda-feira ambos tinham de levantar cedo."

Aglaja Veteranyi

* tradução : Fabiana Macchi

sábado, 2 de maio de 2009

Poema


Miguel Anselmo



"Caminho entre o nada e o de repente

E talvez a saudade me engasge eternamente

Saudade de tudo o que um dia eu fui

E me perdi

Vagando pelo mundo

Soltando os verbos imundos

No escuro do abismo

do peito da solidão amargurada

cantei os últimos versos

sorri o último encanto

no sonho do inimigo

lá eu estava

correndo em sua direção

para o beijo derradeiro

Luz, apareça!

E me encontrarei

Nos teus espetáculos absurdos!"


Alice Xavier